quarta-feira, 3 de março de 2010

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Nova empresa da indústria aeroespacial começou produção a 15 dias.

GME Aerospace é fornecedora da EMBRAER

Marli Lima
(Valor Econômico) - O italiano Erminio Ceresa diz que já ouviu de muita gente que, aos 65 anos, poderia pensar em se aposentar. Não foi esse o caminho que escolheu. O projetista mecânico que virou empresário e veio para o Paraná há 13 anos para fornecer partes de linhas de produção para montadoras de automóveis que estavam se instalando no Estado, entrou em um novo ramo. Criou a GME Aerospace, para fabricar peças para a indústria Aeronáutica e, no futuro, para a área espacial.

Novos prédios foram erguidos em um terreno de 35 mil metros quadrados em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, e estão à espera de máquinas que vão chegar em maio. No local já funcionam a General Mechanical Equipments e também a GME Fase, que faz sistemas de solda para montadoras há seis anos. A produção de alguns itens para a Aeronáutica começou há 15 dias. A GME já tem contrato com a Embraer para fornecer partes de materiais compostos a partir de fevereiro de 2011, para novos aviões.

A direção da empresa, a primeira do ramo a se instalar no Paraná, está de olho em oportunidades em outros países. Informou que vai fazer peças e conjuntos aeronáuticos em materiais compostos e componentes metálicos, como carenagens e superfícies de controle (flaps, lemes e profundores, que vão na fuselagem, na cauda e nas asas dos aviões). A ideia é conseguir contratos com fabricantes de aviões e helicópteros de todo o mundo, empregar cerca de 550 pessoas e atingir faturamento de US$ 100 milhões em 2014.

A GME tem unidades industriais também na Itália e na Polônia, mas sua sede fica em Luxemburgo. Ceresa explica que, quando ela foi criada, há 15 anos, havia incentivos fiscais para a instalação de holdings naquele país. Segundo ele, os investimentos na nova empresa somaram R$ 37,5 milhões em recursos próprios. O retorno é esperado para daqui a cinco anos. "Tenho três filhos", comenta, sobre a motivação de continuar investindo nos negócios. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) informou recentemente que aprovou empréstimo no valor de R$ 16 milhões para a GME Aerospace, que serão usados como capital de giro.

Ceresa vive no Brasil e os filhos estão na Europa, cuidando das outras unidades, que também são fornecedoras de montadoras de automóveis. Ele não revela o faturamento do grupo e o nome de outros sócios e conta que entrou no novo ramo para diversificar as atividades e correr menos riscos, já que estava mais focado no segmento de automóveis.

A GME Aerospace, que vai produzir só no Brasil, tem como administrador Walter Petruzziello, que mora em Curitiba e foi duas vezes candidato ao senado da Itália. Petruzziello é pai de Pierpaolo Petruzziello, que ficou conhecido recentemente por ser o primeiro homem a controlar uma mão biônica por meio de impulsos neurais. Questionado se pretende ser novamente candidato, ele responde que, se a eleição fosse hoje, a resposta seria não, porque teria de abrir mão de outras atividades.

A nova empresa começou a ser planejada em 2007. Em 2008, contratou como diretor o engenheiro aeronáutico Zabulon Nogueiro Neto, que trabalhou 18 anos na Embraer. Segundo ele, outros profissionais da área também já fazem parte da equipe, que "está apta a apresentar para a indústria projetos confiáveis", para componentes estruturais e de interior de aeronaves. Nogueira Neto acredita que outras empresas do ramo devem se instalar na região. "Vamos ter de subcontratar serviços", explica. A logística de transporte das peças não é vista como problema. A distância entre o local de produção e de entrega é de aproximadamente 500 quilômetros.

Por enquanto, poucas pessoas são encontradas nos prédios construídos recentemente. A sala de Ceresa, com poltronas azuis da cor do céu, estão à espera dos objetos pessoais do presidente, que ainda ocupa o antigo escritório. Em um canto do terreno, está pronta a estrutura de uma escola que deve oferecer cursos técnicos com duração de três anos para 50 alunos de baixa renda.

Fonte: Valor Econômico

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